Instituições lançam Fórum Estadual de Combate ao Mau Uso de Agrotóxicos no Piauí

O Piauí passa agora a contar com o Fórum Piauiense de Combate ao Mau Uso dos Agrotóxicos. O órgão foi instalado em solenidade nesta terça-feira e conta com a presença de representantes de cerca de 30 instituições que atuam diretamente na área com o objetivo de debater questões relacionadas aos agrotóxicos e produtos afins que levem em consideração a saúde do trabalhador, do consumidor e do meio ambiente.

O Piauí era um dos únicos estados do Brasil que ainda não havia constituído o Fórum. Segundo o vice-presidente do Fórum Piauiense de Combate ao Mau Uso dos Agrotóxicos, o Procurador do Trabalho Carlos Henrique Leite, esse é um momento muito importante para o estado que é um grande produtor de grãos do país. “O agrotóxico desponta hoje como uma temática essencial para o consumidor, meio ambiente e principalmente para os trabalhadores que são os primeiros a serem atingidos. O mau uso implica em uma série de doenças aos trabalhadores ao longo do tempo e é isso que queremos combater. O objetivo do Fórum é unificar esforços e se tornar mais eficiente”, destaca.

A coordenadora do CAOMA, promotora Áurea Madruga, destaca que, de forma individual, as diversas instituições que compõem o Fórum possuem dados, estudos e ações, mas que elas não são incluídas em um contexto de articulação conjunta. “O Fórum traz a importância do diálogo entre as instituições para que a gente possa conseguir defender o meio ambiente e a população como um todo, no que se relaciona ao uso dos agrotóxicos, sobretudo com a entrada em vigo de uma nova lei, sancionada em dezembro, que trata desse uso”, pontua, destacando que já há um calendário definido de ações do Fórum.

O presidente do Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos, o Subprocurador-Geral do Ministério Público do Trabalho, Pedro Serafim, também esteve presente na solenidade de instauração do Fórum. “Agora o Piauí se instrumentaliza para o enfrentamento de repercussão internacional do uso de agrotóxicos. Esse é um clamor do Brasil e que o objetivo é buscar alternativas benéficas para a saúde dos trabalhadores e também da população em geral e para o meio ambiente”, destaca.

Segundo ele, o objetivo é, fazer como outros países já vêm realizando e banir o uso dos agrotóxicos. “Outros países estão restringindo cada vez mais o uso de agrotóxicos e nós não. E o uso do agrotóxico é cancerígeno, causa diversas doenças. Não há uso seguro de agrotóxico. É preciso rever isso, se envolverem nesse processo e chamar a atenção da sociedade e dos setores para participarem do debate”, sustentou.

Durante o lançamento, houve ainda a palestra da Diretora de Vigilância Sanitária Estadual, Tatiana Chaves, que falou sobre os possíveis danos à saúde humana com o uso de agrotóxico e a importância de medidas preventivas. “É preciso ouvir a ciência. Por um lado, temos o uso para combater as pragas e, do outro, estudos que já comprovam os malefícios do uso de agrotóxicos para a saúde humana, causando mutações no nosso DNA”, pontuou. Ela destacou ainda a necessidade de se notificar acidentes por intoxicação com uso de agrotóxicos. “A partir de uma notificação é que nós temos decisões e medidas efetivas para um planejamento em saúde e reduzir os impactos desses adoecimentos no sistema de saúde”, reforçou.

Ainda durante o lançamento do Fórum, foi lançado um manual de atuação para os membros do Ministério Público do Piauí relacionado ao uso de agrotóxico. Nesta quarta-feira, os membros do Fórum terão a primeira reunião, em Uruçuí, com início às 14h no auditório do campus do Instituto Federal do Piauí (IFPI). O momento vai contar com palestra da promotora Áurea Madruga com o tema “Crimes Ambientais na nova lei de Agrotóxicos” e do coordenador do controle de agrotóxicos da Agência de Defesa Agropecuária do Estado, Olavo Vieira, que vai falar sobre “As Ações da ADAPI no Controle de Agrotóxicos do Estado do Piauí”.