Documentário mostra mudança de vida de trabalhadoras da carnaúba no Piauí

Entre tranças e tramas, a palha da carnaúba vem mudando a realidade de dezenas de mulheres piauienses. Essa história será contada no documentário “Entre Tranças e Tramas – A revolução artesanal das mulheres da carnaúba”, que será lançado em São Paulo nesta quinta-feira e em Campo Maior, no Piauí, na sexta-feira, a partir das 14h30, na sede da Brasil Ceras. O material foi produzido através de uma parceria entre o Ministério Público do Trabalho no Piauí e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

 

O documentário conta a história de mulheres, com idade entre 18 e 70 anos, que residem em comunidades do interior dos municípios de Campo Maior e Piripiri, onde a extração do pó da palha da carnaúba é a principal atividade econômica. A história dessas mulheres é permeada por situações degradantes de trabalho, onde muitos dos familiares e conhecidos já foram vítimas de trabalho escravo e resgatados através da atuação de órgãos como o Ministério Público do Trabalho, Ministério do Trabalho e Emprego, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal. Em 2023, por exemplo, segundo os dados do MPT, dos 159 trabalhadores resgatados em situação análoga à de escravidão no Piauí, 86, ou seja, 54% do total, atuavam na cadeia produtiva da carnaúba.

De retratos de exploração, a realidade dessas mulheres começa a mudar a partir de 2020, após o surgimento do Plano de Promoção do Trabalho Descente na Cadeia Produtiva da Carnaúba, lançado pelo MPT e OIT, para promover melhores condições de trabalho e alternativas de geração de renda para os agricultores e agricultoras envolvidas na atividade da cadeia produtiva da carnaúba. O desafio era organizar os grupos para que eles eliminassem a figura dos atravessadores que pagavam valores irrisórios pelo trabalho.

Para as mulheres, uma solução encontrada foi organizá-las para que elas aproveitassem um conhecimento secular na produção artesanal para gerar renda para suas famílias. O documentário conta essa história, com a formação de dois grupos: Natupalha, de Piripiri, e Curicacas, de Campo Maior. De lá para cá, são muita as capacitações e cursos recebidos para que elas desenvolvessem uma linha de produtos como bolsas, cestarias e objetos de decoração que utilizem a carnaúba como pano de fundo. Hoje essa produção é levada e comercializada mundo a fora, através de feiras e eventos realizados em todo país.

Após a exibição do documentário, será realizada uma Roda de Conversa contando com a participação das mulheres artesãs e também com os representantes das instituições parceiras.

Tags: mulheres, Carnaúba, Ministério Público do Trabalho, documentário, OIT

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